terça-feira, 24 de abril de 2012

INACEITÁVEL

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É INACEITÁVEL
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Os senhores do Governo querem poder despedir os trabalhadores que, ou não trabalham em condições ou estão a mais, de uma forma mais simples e menos onerosa para as empresas.
Os senhores do Governo querem poder aplicar essas medidas à administração pública.
Os senhores do Governo querem poder deslocar trabalhadores do Estado para onde, ao Estado der mais jeito.
Os senhores do Governo querem acabar com alguns feriados, quatro, para assim se aumentar o tempo de trabalho anual dos trabalhadores.
Os senhores do Governo, de um modo geral, querem cumprir as imposições que a Troyca nos fez quando nos emprestou o dinheiro que nos faltava, e tudo vai fazendo para que tal aconteça, mesmo à custa de enormes sacrifícios para toda a gente, usando taxas, impostos, sobretaxas e moralizando a sociedade com normas de conduta e de trabalho (como sempre há umas pessoas mais sacrificadas do que outras, sendo que, infelizmente, são, também sempre, as que menos recursos e conhecimentos têm).
Com mais ou menos discussões, com mais ou menos sucesso, com greves ou sem elas, com marchas ou com ameaças ou com tentativas de imolação, ou sem elas, mas sempre com muita polémica, as coisas lá se vão fazendo. 
E as polémicas em Portugal crescem como cogumelos. 
Agora temos mais uma polémica, a das comemorações do 25 de Abril.
O 1 de Maio, como o 10 de Junho, como o 5 de Outubro, como o 1 de Dezembro ou como outras datas de relevo no nosso País têm vindo a ser comemoradas anualmente em todo o território Nacional, sempre com alguma pompa e circunstância.
Também o tem sido o 25 de Abril.
Que se saiba nenhuma daquelas datas tem dono, a não ser o País, no seu todo.
Mas esta tem!
Apareceram para aí uns senhores, zangados, irritados, quezilentos, contrariados, enfadados e outras coisas, alguns deles já com evidentes incapacidades, que se intitulam donos da data. Como tal, como se isso importasse demasiado ao comum do cidadão, decidiram dizer que se recusavam a estar presentes nas comemorações oficiais do golpe de estado de 1974. 
Como em muitas coisas da nossa vida, esta, é mais uma que é inaceitável.
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segunda-feira, 9 de abril de 2012

PARA ACABAR DE VEZ COM A CHULICE

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JORGE FIEL (JN)
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Agatha Christie, sim. Toda. Mas não só. Também Stanley Gardner, Rex Stout, Simenon, Chandler .... enfim toda a galeria de autores que a coleção Vampiro nos apresentou em livros de bolso baratos, com capas lindas (em particular as de Lima de Freitas) e encadernações péssimas.
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Vampiro sim, mas não só. Também outros clássicos, como Poe, Conan Doyle ou Maurice Leblanc, ou não tão clássicos como a mais recente geração de autores nórdicos, inaugurada pelo imperdível Henning Mankell e colocada em órbita por Stieg Larson.
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Fanático por policiais, não resisto a um bom mistério, como este que vou expor, protagonizado pela região que é o principal centro de serviços e a porta de entrada e saída de gentes e mercadorias.
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O Porto tem o mais elogiado aeroporto do país, o que mais cresce (carga e passageiros) e é regularmente eleito como um dos melhores do Mundo (senão mesmo o melhor), na sua categoria. Temos Leixões, o mais eficiente, lucrativo e cobiçado de todos os portos portugueses.
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Temos indústrias tradicionais (têxtil, vestuário, calçado e metalomecânica, etc.) que souberam aguentar o impacto da globalização e fazer do Norte a única região do país que exporta mais do que importa. 
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Temos Amorim e Belmiro, os dois maiores empresários da geração pós 25 Abril, que se firmaram sem terem de ser levados ao colo pelo absurdo Condicionamento Industrial do Estado Novo.
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Temos o vinho do Porto, produzido no Douro, declarado pela Unesco Património da Humanidade, e as duas marcas de produtos portugueses com maior notoriedade internacional (Mateus Rosé e Super Bock).
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Temos Serralves e a Casa da Música, dois Pritzker, a escola de Arquitetura mais famosa do Mundo. Fomos o berço do rock português, uma linhagem que nasce com a dupla Tê/Veloso e inclui Abrunhosa e os GNR de Reininho.
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Temos Manoel de Oliveira, o Fantasporto, as Curtas de Vila do Conde, o FITEI, o TN S. João, o Palácio de Vila Flor, o Theatro Circo e dois centros históricos (Guimarães e Porto) que a humanidade adotou.
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Temos o F. C. Porto, a mais bem-sucedida e admirada das nossas equipas de futebol, que não é um eucalipto e soube acarinhar o crescimento do Sp. Braga, o clube do distrito mais jovem da Europa, que se afirma como o terceiro grande.
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Temos a melhor, maior e mais internacional das universidades, a UP, bem no centro de uma competitiva teia de produção de conhecimento formada pelas suas congéneres de Aveiro, Braga e Trás- os-Montes.
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Se temos tudo isto, se o Porto é o melhor destino turístico europeu 2012, se o Norte é a segunda região que mais contribui para a riqueza do país, por que é que continua a ser a mais pobre e negligenciada?
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Este mistério tem duas explicações. A primeira é de que Porto e Norte têm excelentes jogadores, mas falta-lhes o líder que os transforme numa equipa vencedora. A segunda é que depois de darmos o nome ao país - e de dar a carne de primeira, para ficar com as tripas -, chegou a hora de dizer não aos chulos que vivem e prosperam com a mão metida no nosso bolso.
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Tirado do Jornal de >notícias de 9/4/2012
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ADVOGADOS, EXAMES, BOLONHA, UNIVERSIDADES, BANDALHEIRA

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VERGONHA
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Os senhores advogados novos, os que acabam os estudos nas universidades, têm de fazer um exame à respectiva Ordem para poderem exercer a actividade.
Assim foi em Janeiro último, com os resultados a serem tornados públicos agora.
Chumbaram 59% dos admitidos a exame, sendo que dos aprovados raros foram os que tiveram notas superiores a 14/20.
Dos candidatos oriundos das Regiões Autónomas, nenhum foi aprovado.
O senhor Bastonário da Ordem veio a terreiro dizer que não se admirava nada com os resultados apresentados, já que os senhores advogados não vinham preparados devidamente, e que os principais responsáveis eram as Universidades, quer públicas quer privadas que, após Bolonha, definiram programas de acordo com os seus interesses económicos abandalhando os programas e prejudicando o ensino devido aos estudantes.
A ser assim, se eu fosse um dos candidatos no exame à Ordem dos Advogados e tivesse chumbado por manifesta falta de preparação (ou mesmo que tivesse sido aprovado), de imediato poria a minha Universidade em Tribunal, processando-a por burla ou trapaça ou outra coisa qualquer, já que se no fim do curso, no qual tinha sido aprovado, eu não usufruía de conhecimentos necessários à prática da profissão, e a culpa dessa "impreparação" não poderia nunca ser minha. Para além disso, o senhor Bastonário iria por certo ser minha testemunha.
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domingo, 8 de abril de 2012

SILOGISMO PASCAL

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ESTOU CANSADO DESTES DIAS QUE JÁ TIVE!
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Há já alguns anos que isto se adivinhava. Bastaria ter estado atento.
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Duas da tarde, apetece-me luz, ver gente, tomar um cimbalino e olhar as conversas dos outros. Só isto, sem incomodar ninguém.
Duas da tarde, os cafés estão fechados, as ruas estão desertas, ou quase, alguns poucos, como eu, vagueiam. Todos os outros estarão recolhidos nas casas das suas famílias.
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A Páscoa é uma festa da família
Uma festa da família junta a sua gente
Quem está só na Páscoa, não tem família
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Também estou cansado destes meus pensamentos "profundos".
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