quinta-feira, 29 de julho de 2010

CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO - O DR RUI RIO É QUE SABE

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OPOSIÇÃO MEDÍOCRE
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O dr Rio explicou-se e disse das suas razões e das da Câmara Municipal do Porto para vetar o nome do falecido Nobel Saramago para uma rua da cidade.
Após essa explicação ficamos a saber uma de duas coisas:
1 - A oposição, na Câmara, não conhece as leis da cidade nem as regras pelas quais ela se rege 
2 - A oposição, na Câmara, conhece as leis da cidade e também as regras pelas quais ela se rege
Dessa forma, e no primeiro caso, pergunta-se o que é que andam a fazer por cá. 
No segundo caso ficamos a saber o que por cá andam a fazer. Unicamente a usar de falsidades para colocar a opinião pública contra o executivo da edilidade, sem cuidar de fazer saber a verdade.
De uma forma ou de outra, é triste que fiquemos a saber que a oposição na Câmara Municipal do Porto, tem um nível tão baixo.

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

CALOR

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TEMPERATURAS ALTAS
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O calor aperta. 
É já noite cerrada e os termómetros não descem dos trinta graus. 
Quero dormir. A temperatura não deixa. Já bebi quase dois litros de água.
Estou doido de sono e o cansaço que me consome, não se deixa vencer nem convencer.
Isto assim não é o costume na minha latitude. Ás vezes acontece, mas não mais que uma vez no ano e por poucos dias, mas neste, já vamos na terceira vez, e ainda só estamos em Julho.
Estou farto. Já tomei dois banhos de água fresca e, nada. Tudo na mesma.
Como é que as pessoas que moram nas zonas onde é sempre assim, aguentam?
Preciso de uma banheira de água fria para mergulhar nela.
As janelas estão abertas, as ventoinhas ligadas, o ar condicionado portátil avariou. atira com ar morno para cima de mim.
Porra, já chega. Quero dormir mas a cama está a ferver.

domingo, 25 de julho de 2010

O DIA DE HOJE FOI DIA SANTO

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JÁ MUITOS ANOS
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Nesse dia, fui a melhor prenda que alguém algum dia recebeu. 
Nesse dia, tornei um Homem, e especialmente uma Mulher, nas pessoas mais felizes do mundo.
Nesse dia, trouxeram-me para a vida.
Nesse dia dei sentido à vida que tinham.
Obrigado, Maria e José.
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sexta-feira, 23 de julho de 2010

DANIELA RUAH

O SENHOR BISPO FALOU E DISSE

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E OS POLÍTICOS FALARAM DEVAGARINHO, PUSERAM O CHAPÉU E FORAM-SE
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O senhor Bispo propôs, e a classe política católica falou devagarinho.
Que até é um chamada de atenção bem urdida, que o senhor Bispo falou muito bem, que todos deveríamos estar conscientes de que os que têm mais deveriam partilhar com os que têm menos, que é uma questão de consciência, que acham bem o princípio, mas, todos à uma também disseram quase em surdina, que as resoluções de carácter económico são tomadas em família, que o dar vinte por cento dos rendimentos é uma forma de falar, que criar um fundo social com vinte por cento dos vencimentos dos políticos católicos é uma esmola, que uma esmola é um paliativo que não serve a ninguém e nada resolve uma vez que os pobres continuarão pobres,  que cada um é que sabe se pode dar tal verba, e que tudo isto deveria ser falado com calma e estendido a todos, não só aos políticos. Mais não disseram por vergonha, talvez.
Palavras sábias dos que ganhando muito bem, entendem que o que recebem nem para eles chega.
Palavras daqueles a quem nós todos pagamos, e bem, mas que só sabem arrotar postas de pescada desde que não toquem nos seus vencimentos, nas suas mordomias e nos seus interesses.
Palavras e mais palavras ditas ou cantadas por cima de uma música pimba, na esperança de convencer o Zé Tolinho, e ainda na expectativa de tudo ser esquecido depressa.
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Mas porque é que eu ainda me incomodo com estes tipos?



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quinta-feira, 22 de julho de 2010

LAICIDADE FUNDAMENTALISTA

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ESTÃO AFLITOS POR CAUSA DAS CRUZES
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«É mais urgente do que nunca» defende a associação república e laicidade, retirar os crucifixos das paredes das salas de aulas das escolas. A associação tem medo do que os pobres dos meninos possam vir a sofrer pela vida fora.
Alberto João, como de costume, tem razão, e não deixa que as cruzes saiam.
Mais uma polémica neste país descomandado.

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quarta-feira, 21 de julho de 2010

O MESMO JARDIM DE SEMPRE

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NA MADEIRA, É ASSIM
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Já vamos estando habituados às coisas que o líder do governo da Madeira nos vai dando. No continente, ninguém dos que fazem ou querem fazer opinião, gosta dele.
Mas o maior problema é que o senhor Jardim tem, na maior parte das vezes, razão. Também nessas alturas, a razão só lhe chega tarde, mas na verdade, sempre chega.
Agora, está contra o que o líder nacional do seu partido quer fazer, no que concerne à proposta de revisão constitucional. Mais cedo ou mais tarde vai ficar a saber-se que tinha razão na sua apreciação.
«Ponham-me na rua», disse, «até me fazem um favor», continuou. 
Na verdade, o partido da Madeira, não precisa do do continente para nada. Tem-no demonstrado a cada dia que passa. Sozinho tem feito o que de melhor se faz em Portugal.
Ah, grande Jardim!


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terça-feira, 13 de julho de 2010

AS FÉRIAS GRANDES - COMO SE FORA UM CONTO

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AS FÉRIAS GRANDES
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No tempo da minha juventude, já lá vão muitos anos, e da de quase todos os que têm mais de trinta anos (os meus filhos mais velhos já têm), as férias grandes eram mesmo grandes. Tão grandes que, por vezes, nos víamos a pensar que nunca mais chegavam as aulas. Eram três meses inteirinhos, compridos, muito compridos, feitos de noventa dias a fazer pouco ou nada. Nessa altura, tínhamos, eu e os meus muitos primos e a maior parte dos meus amigos, a praia, desde as nove da manhã até mesmo ao final da tarde, uma estadia de uma ou duas semanas em casa de familiares no campo, e outras tantas em casa de outros familiares, na montanha. Mais tarde, na juventude dos meus filhos, as semanas na montanha tinham já acabado, com o desaparecimento dos familiares que por lá viviam.
Os meus primos, os meus amigos e eu, e mais tarde os meus filhos, pertencíamos a um grupo de privilegiados, uma vez que a maior parte da população das cidades não tinha as nossas possibilidades de escolha, nem muitos familiares predispostos a aturá-los durante parte das férias. Esses, passavam quase todo o tempo na mesma casa de sempre, na mesma praia de sempre, na mesma rua de sempre, sem mais nada que fazer que fazer nada, pensar, ver as ervas a crescer e as marés a subir e a descer.
Por nosso lado

domingo, 11 de julho de 2010

ASSOCIAÇÃO FOTOGRÁFICA DO PORTO - COMO SE FORA UM CONTO

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A POLÉMICA NASCEU
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Vá-se lá saber porquê, talvez que movido por interesses próprios fruto de um protagonismo que lhe estará a fugir, ou eventualmente servindo os de alguém que se esconde por trás de um anonimato pardacento, ou por uma qualquer outra razão que me escapa, surgiu, pela voz e acção do coordenador dos «Encontros do Olhar» do IPF (Instituto Português de Fotografia), a notícia, bombástica, da «inqualificável» usurpação do nome intocável da AFP (Associação Fotográfica do Porto), pela actual Associação “Portografia”.
Para o comum dos cidadãos da cidade do Porto, a sigla AFP poderá querer dizer uma qualquer coisa, desde

quarta-feira, 7 de julho de 2010

MAIS VALIA QUE TIVESSEM FICADO LÁ PELO SUL, OU QUE TIVESSEM ESTADO CALADOS


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Terminou ontem o “Encontros do Olhar” do IPF. Fui ver e ouvir.

Fiquei chocado com a indelicadeza do sr (?) Morais e com a notória má educação do sr(?) Morais Sarmento, a ponto de momentaneamente ter intervindo nesse final de debate, aquando do desilegantíssimo comentário do sr(?) Morais Sarmento, sobre as semelhanças que ele encontrou com o nome “Portografia”.

Nas intervenções ouvidas nesta última fase dos Encontros do Olhar do IPF, destaco a palestra de José Marafona, um senhor da Fotografia Nacional, que muito e bem nos falou da sua visão da fotografia.

Estive presente e subscrevo inteiramente o texto que se segue, da autoria de Luís Raposo.

Devo dizer que faço parte do Grupo F4 e sou sócio da Portografia.

Festa da Fotografia…

A Festa da Fotografia que um formador do IPF de Lisboa desejava criar no Porto, tinha casa cheia e terminou em confusão.
António Morais, preparara as coisas de forma a criar discussão e conseguiu-a; não pode dizer-se que tenha sido benéfico para a sua imagem e/ou credibilidade e isso pouco me importa.
António Morais ficou mais só na noite de 6 de Julho, data de encerramento dos “Encontros do Olhar” desta temporada. Com ele levou os saudosistas da nossa praça que espicaçados e manipulados pela apresentação provocatória da sua intervenção; Morais, desejava fazer crer que o nome “Associação Fotográfica do Porto” obedece às regras dos direitos de autor, de copyright ou, de patente…
O senhor professor preparou mal a lição e por isso não percebeu que a antiga, muito antiga AFP se esboroou no tempo, se perdeu no percurso até aos dias de hoje e que, dessa antiga família, só restam memórias…
A AFP já só existe para um jantar de longe a longe, onde os velhos que a seu tempo deveriam ter-se organizado convenientemente para legalizar o grupo, não viessem agora carpir-se porque a PORTOGRAFIA – Associação Fotográfica do Porto utiliza o mesmo nome.
A PORTOGRAFIA é uma associação fotográfica sedeada no Porto. É jovem, tem pouco tempo de vida, mas está registada no RNPC, tem número de contribuinte, tem estatutos, tem sede, tem uma escritura pública e publicação no DR.
A AFP, não tem nada! Ou melhor, tem uma história, um tempo de vida e um nome que não corresponde à realidade. A AFP é um colectivo mas não é uma associação.
A Festa da Fotografia que o António Morais desejava, foi uma treta de uma festa.
A seu tempo, o f4 foi convidado a juntar-se, preparou-lhe propositadamente 3 mostras fotográficas no Café Fénix, das quais uma está a decorrer, mas não se comprometeu a intervir, a apresentar orador, nas conferências agendadas…
Mas num premeditado golpe de malabarismo táctico, o “estoriador” convocou-me à ribalta e lançou-me aos acicatados acólitos, na tentativa de fazer passar a mensagem, errada aliás, que o f4 – efequatro, o Fénix Fotografia e a Portografia são uma e a mesma coisa, pela simples razão que muitos dos elementos destes grupos interagem no universo fotográfico da cidade do Porto…
António Morais queria confusão, criou a confusão e não olhou a meios para o fazer.
Este “Mouro no Norte” (palavras suas), vinha fazer crer aos ouvintes que os três grupos citados são desconhecedores da história da fotografia em Portugal, são ignorantes e irresponsáveis; o conferencista pretendia, com um habilidoso golpe de magia, fazer crer que a Portografia plagiava a AFP ao utilizar legalmente o nome “Associação Fotográfica do Porto” junto ao seu logotipo, e que os grupos f4 e Fénix, que abnegadamente trabalham na promoção da fotografia como forma de arte e na divulgação de autores e fotógrafos emergentes, são os “tipos dali da esquina”, os que fazem umas exposições no “tasco” ao lado, a malta que não sabe nada sobre a matéria…
António Morais foi deselegante e traiçoeiro. O organizador da festa não percebeu e talvez ainda não tenha ficado a perceber, que Portografia é o nome da colectividade e “Associação Fotográfica do Porto” é a figura jurídica da organização.
Mas não foi o único que não entendeu; a sua avidez de protagonismo não o deixou ver a razão e o seu raciocínio infeccioso propagou-se a parte da assembleia ao ponto de, lastimavelmente, inflamar ânimos e transformar o seu Director Morais Sarmento num homem mal educado e ofensivo.
Como anfitriãos, portaram-se muito mal, e com tudo isto conquistaram algumas inimizades do público, ganharam a certeza que o f4 – efequatro não colaborará mais vez nenhuma com os promotores dos “Encontros do Olhar” em qualquer ocasião ou evento.
Como associado da Portografia, repudio publicamente a forma como esta associação fotográfica do Porto foi tratada. Revolto-me perante o descrédito que os organizadores do evento quiseram lançar sobre a colectividade e tudo farei no sentido de esclarecer as suspeições e insinuações perpetradas.
Luis Raposo

segunda-feira, 5 de julho de 2010

PENSAMENTOS

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EM CRIANÇA, TIVE PENA DE MIM POR NÃO TER LUVAS,
ATÉ QUE CONHECI UM HOMEM QUE NÃO TINHA MÃOS.

No entanto, na altura não sabia, que homens sem mãos são muito poucos, sem luvas são demasiados, e cheios de luvas que não usam uma enormidade deles.
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NÃO HÁ HOMENS DE ARMAS?

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Para quando uma insurreição?

Ainda não estamos fartos desta trampa?

Uns a ganhar rios de dinheiro e outros que nem emprego têm. Os custos da vida de cada dia a subir, e o governo a querer aumentá-los ainda mais. O problema das Scut e a oposição maior a querer que todos paguemos. Um Primeiro que já deveria ter ido embora mas que ninguém tem coragem de o pôr dali para fora porque ainda não convém. Um Presidente que já anda em campanha eleitoral e vai dando uma no cravo e outra na ferradura. O preço do petróleo que desce, desce e torna a descer e os combustíveis não acompanham essa descida?

Anda tudo a comer da mesma gamela, paga por todos nós, a fornicar-nos indecentemente e ninguém se importa? Somos todos parvos ou quê?

Já agora saiba a evolução do preço do petróleo:

O PREÇO DO PETRÓLEO

Petróleo Bruto
$72.14 ▼0.81 1.11%
14:21 PM EDT - 2010.07.05
Petróleo Bruto
$71.94 ▼0.20
0.28%
10:56 AM EDT – 2010.07.05


JÁ SE SABE QUEM VAI GANHAR ESTE ANO


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FEITAS AS CONTAS...
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FAÇAMOS AS CONTAS:

O Brasil ganhou o mundial em 1994, antes disso a sua última conquista do título tinha sido em 1970.
Se se somar 1970 + 1994 = 3964

A Argentina ganhou o seu último mundial em 1986, antes disso só em 1978.
Somando 1978 + 1986 = 3964

Já a Alemanha ganhou o seu último mundial em 1990. Antes disso tinha sido em 1974.
Somando 1990 + 1974 = 3964

Seguindo esta lógica, poder-se-ia ter adivinhado o vencedor do mundial de 2002, pois este deveria ter sido o vencedor do mundial de 1962!
Fazendo as contas: 3964 - 2002 = 1962

E o vencedor em 1962 foi o Brasil!

Realmente, a numerologia parece funcionar...
E quem vencerá o mundial de 2010 na África do Sul?

Resposta: 3964 - 2010 = 1954

E quem ganhou em 1954? ... Alemanha!
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VÃO VER... NÃO FALHA!
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sexta-feira, 2 de julho de 2010

O MÊS DE JUNHO JÁ TERMINOU, ACABARAM OS SANTOS POPULARES. - O SÃO JOÃO - COMO SE FORA UM CONTO



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À minha direita o mar, lá ao longe, à minha frente uma parede de pedra e à minha esquerda as duas senhoras já entradas na idade terceira, que ciciavam. Sentadas uma ao lado da outra, à mesa do café, falavam em surdina dos tempos de antigamente. Em cima da mesa estavam guardanapos, uma torrada de pão de forma, uma mirita, uma meia de leite e um pingo.

O tema da conversa era a festa do São João, comparando a de agora, com a de outrora.

Na verdade pouco se entendia da conversa, apesar dos meus esforços de atenção e do meu esticar de orelhas para aquele lado, já que conseguiam falar bastante baixo.

No entanto lá pude perceber sobre que conversavam e apanhar uma ou outra ideia. Essencialmente, adoravam o Porto e a sua festa da noite de S. João, mas não gostavam de barulho, nem dos martelos, nem da música que dos altifalantes saía e que se ouvia por toda a cidade, nem do ronco das recentes vovuzelas. Também lhes fazia falta o alho e a cidreira, e os bailaricos. Sim, os bailaricos que havia, e que assumo que ainda haja, toda a santa noite, em inúmeros pontos da cidade do Porto.

Aos poucos fui deixando de as ouvir. Catalisados pela conversa que eu entreouvia, os meus pensamentos começaram a tomar conta de mim.

Vi-me na minha meninice e também no fim da minha juventude. A revolução tinha acabado de acontecer e a «liberdade» tinha chegado.

Na altura a festa do S. João estava concentrada na baixa. Os pontos principais eram a Avenida dos Aliados, Sá da Bandeira, Santa Catarina, Batalha e acima de tudo, as Fontainhas.

Era aí, nas Fontainhas que se ouvia barulho e se via o maior movimento. Mais cedo ou mais tarde da noite, todos por lá passariam. Naquela zona havia em bastante quantidade carrinhos de choque, restaurantes, cadeiras voadoras, aviões, manjericos, farturas, matraquilhos, sardinhas, alhos pôrros, carrosséis, cidreira, febras, e o mais que se possa imaginar, e em cada um dos sítios a sua própria música, tocada bem alto, para abafar a do vizinho.

Íamos para lá pelo meio da noite, os meus amigos e eu, para jogar matrecos e comer. Só gostávamos dos matrecos do Romualdo, eram os melhores ( às vezes era preciso esperar pela vez de jogar, tal era a quantidade de frequentadores). No jogo, o meu companheiro de equipa, o Zé António, jogava à frente e eu sempre à defesa. Jogávamos ao perde paga e por norma nós os dois ganhávamos. Eu até nem defendia mal, mas o Zé, era perito em fintas que conseguia executar com uma rapidez estonteante. Sabia fazer a «tolinha», o «tic-tac», o «arrasto», a «segunda linha», a «lolita» e muitas outras fintas de que me não lembra o nome. Ele mexia a mão com uma destreza e rapidez enormes e só se ouvia depois o barulho da bola a bater no fundo da baliza. Era quase impossível saber como a finta era feita. Como um certo herói de banda desenhada, era mais rápido que a própria sombra. Nos intervalos dos jogos íamos comer e comíamos o que o parco dinheiro permitia. Umas farturitas, uma ou outra cerveja ou sumo, umas febras no pão… pouco mais. Tinham de dar para a noite toda, os poucos escudos que trazíamos no bolso.

Anos mais tarde, os matraquilhos passaram para a Rotunda da Boavista, juntamente com os comes e bebes, fazendo concorrência às Fontainhas. Foi o começo da descentralização e da disseminação das festas de São João por toda a cidade. Com os matrecos e as farturas, foram para lá, também, os carrinhos de choque e os manjericos.

Antes da nossa ida para os lados das Fontainhas, já tínhamos corrido em rusgas pela Avenida e por Sá da Bandeira, já tínhamos saltado fogueiras, já tínhamos batido nas cabeças dos carecas com o alho pôrro, a parte da flor claro, ou esfregado, ao de leve, a cidreira nos narizes das mulheres e raparigas bonitas com quem nos cruzávamos. Também já tínhamos ido em direcção à Batalha, a passo de caracol, no meio de uma multidão enorme, compacta, pela rua de Santa Catarina, vindos de Sá da Bandeira e da rua Formosa, já tínhamos lançado alguns piropos e feito «olhinhos» a umas quantas meninas.

Mas mais importante do que isso, já tínhamos ido dançar durante uma hora ou duas (a noite começava com o pôr do sol). Para nós, a dança era um dos momentos altos da noite. Pedia meças ao outro grande momento, o jogo de matrecos. Num ano, ou talvez em dois, o Zé, o Silva (o meia leca do nosso grupo e que era o melhor jogador de ping-pong de entre todos nós) e eu, nem fomos jogar tão «bem» nos correu a festa. Nesses anos os outros nossos amigos não gostaram nada dessa brincadeira, já que ficaram sem alguns dos parceiros.

Havia um bailarico quase em cada bairro da cidade, quase em cada esquina da cidade. No meio da rua, num recanto entre prédios sociais, ou noutro sítio qualquer, havia música e baile, noite dentro. Apesar dos olhares atentos dos pais, namorados e maridos das moçoilas, momentos havia em que conseguíamos dançar como só no S. João se dança, com muita garra e muito desejo e sem que ninguémguém nos tenha tentado amassar os colarinhos ou termos tido a necessidade de dar corda aos sapatos para nos pirarmos dali para fora.

O meu local preferido para bailar, ficava entre prédios de um bairro junto ao Prado do Repouso. O largo formado pelos prédios, dispostos em u, com uma só entrada para a rua, era recatado e perfeito. Sempre nos correu «bem» a ida a esse baile. As pessoas eram simpáticas e dadas. Durante anos foi o nosso poiso até às badalados da meia-noite, e muitas vezes até muito mais tarde. A dada altura, já tínhamos amigas por lá. Amizades que saltavam de um ano para o seguinte, e duravam uma noite, raramente mais que isso.

No fim da noite, quase com o sol a raiar, era ver-nos em debandada do centro da cidade, com as ruas quase desertas e com as bancas dos manjericos já vazias, em direcção às praias da Foz. Sempre a pé, fazíamos muitos quilómetros nessa noite.

Não se vislumbravam transportes públicos, só um eléctrico ou outro, e o dinheiro já se tinha gasto todo. A praia do Homem do Leme era o meu destino favorito, em detrimento da minha praia de sempre, a de Gondarém, pequena de mais e com o mar mesmo em cima de nós. Anos houve em que as barracas da praia ficaram montadas com os panos durante a noite e assim pudemos ficar recolhidos e ao abrigo do relento da noite. Lá acabávamos a folia, a dormitar na areia fria, à espera do calor do sol, sem bebedeiras, com muito gozo e com nenhuma droga.

A noite do S. João do Porto sempre teve repercussões a nível social. O Santo tem milhares de filhos na cidade, tentando assim suster a diminuição de habitantes. O mês de Março será talvez o mês do ano com mais nascimentos na zona do Porto, a par com o fim de Setembro e o começo de Outubro. Até eu, imagine-se, tenho um filho nascido em Março, por certo também ele filho do S. João, mesmo nove meses certinhos após a véspera do dia da cidade.

Adoro o S. João, ou melhor, adorei o S. João quando ele se passava no centro da cidade, Aquele S. João que não tinha martelos mas tinha alho pôrro, que não tinha roulottes espalhadas por todas as zonas mas tinha cidreira e matraquilhos (os do Romualdo eram os melhores, já disse), que não estava espalhado por tudo quanto é cidade mas que tinha nas Fontaínhas o seu ponto principal, a par da Avenida dos Aliados, de Santa Catarina e da Batalha. Aquele S. João que tinha dezenas de fogueiras e centenas de balões a esvoaçar no céu (ó patego, olha o balão, gritava-se), e não tinha vovuzelas como este ano. Aquele S. João que tinha o seu fogo preso e de artifício «deitado» no dia de S. Pedro, na Afurada.

Nos últimos anos, bastantes já, tenho-me ficado por casa, ouvindo um pouco ao longe o barulho dos martelos misturado com os sons dos altifalantes. Este ano ouvindo também o horroroso som das vovuzelas.

Talvez seja da idade, esta minha vontade de não comparecer à melhor noite da cidade.

Adorava o S. João (a véspera de S. João tem um significado muito especial para mim) e se hoje ainda fosse dia 23 e a noite ainda estivesse para vir, bem que iria dar um salto à baixa, tentar reviver esses tempos (está a dar-me uma espécie de nostalgia, embora, infelizmente, com alguns dias de atraso).

Há imensas razões para se adorar esta cidade. A um bom amigo meu, FMSá, que sobre isso escreveu no blogue Albergue Espanhol, e no Aventar bem que lhe parecia que alguma coisa justificava tanto amor a esta terra e a esta gente, como por exemplo o haver tantos filhos do S.João. Essa é só mais uma de entre milhentas. E tinha razão. Seja o que for, por pequeno pormenor que seja, justifica essa paixão por esta cidade maravilhosa.

As senhoras já tinham acabado o lanche havia muito tempo. Nem tinha dado fé disso, perdido nos meus pensamentos.

Levantei-me e vim escrevinhar este texto.