O DIA DA MINHA MAIOR SAUDADE
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A saudade do amigo, do companheiro, do mentor, do farol da minha vida.
Faria hoje 85 anos.
Já lá vão dezoito anos, e parece que foi ontem!
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JM
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I AM, ... I KNOW I AM, ... THEREFORE I AM, ... AT LEAST I THINK I MUST BE ... I THINK !
As Coisas Que O País Quer
O PAÍS QUER SOLUÇÕES VINDAS DOS LÍDERES POLÍTICOS
Se há frase com que eu mais concorde, é com esta. O nosso Primeiro tem toda a razão.
O País não quer descrições da crise. Essas já todos nós sabemos. Só não sabemos quais as verdadeiras soluções protagonizadas pelo nosso Primeiro.
Ele bem diz que o País não pode ficar parado e que são necessárias soluções "pragmatistas", mas o que se vê é que fala muito, faz muita propaganda, diz o que toda a gente sabe, mas não sabe o que toda a gente diz. Que ele é tão-somente um bom vendedor de ideias que não tem, e de soluções que não conhece.
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O PAÍS QUER A LIGA A MELHORAR
O Sporting lá ganhou em casa ao Benfica, alcançando-o no 2º lugar.
Agora só falta que o Leixões também ganhe para que o lugar fique bem preenchido. Mas isso é só na segunda-feira.
De qualquer forma, bem podem ficar todos muito satisfeitos com todos estes resultados, que mesmo assim, o Campeão já leva quatro pontos de avanço. Ai Porto, Porto, para já muitos correm, mas não te apanham.
Até parecem dois campeonatos, o teu, sozinho, e o deles, todos juntos.
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O PAÍS QUER QUE SE RESOLVA O CASO FREEPORT – ARGUIDOS
Mais uns que foram ouvidos e outros que vão voltar a sê-lo.
O Tio do sobrinho, o sr Pedro, o sr Smith, este já lá está pela segunda vez, todos a serem ouvidos e a srª drª Cândida a confirmar que dois, sem dizer quais, já são arguidos. Nem diz sequer se é algum destes ou se serão outros. Mais tarde, pela voz da advogada de ambos, Drª Paula Lourenço, lá se sabe que são os srs Pedro e Smith.
Soube-se entretanto da história de um fax que Manuel Pedro mandou a José Sócrates, que prova que, apesar de ambos dizerem que se não conhecem, se conheciam na altura em que o sr Sócrates era Secretário de Estado Adjunto do Ministro do Ambiente.
Dizem por aí as más línguas que o sr Smith, está a dar com a língua nos dentes!
Por sua vez, no Funchal, Pinto Monteiro afirma que serão ouvidas todas as pessoas que se entenda necessário para apuramento da verdade.
O que iremos ainda saber?
As Coisas Que O País Não Deveria Querer.
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ERA UMA VEZ...
Há trinta e tal anos, havia 4 funcionários numa empresa estatal, chamados Toda-a-Gente, Alguém, Qualquer-Um e Ninguém.
Havia um trabalho importante para fazer e Toda-a-Gente tinha a certeza que Alguém o faria. Qualquer-Um podia fazê-lo, mas Ninguém o fez. Alguém se zangou porque era um trabalho para Toda-a-Gente. Toda-a-Gente pensou que Qualquer-Um podia tê-lo feito, mas Ninguém constatou que Toda-a-Gente não o faria. No fim, Toda-a-Gente culpou Alguém, quando Ninguém fez o que Qualquer-Um poderia ter feito.
Foi assim que apareceu o Deixa-Andar, um 5º funcionário para evitar todos estes problemas.
E desta maneira, nasceu o Portugal democrático dos dias de hoje.O Sr Joaquim Lavadeira
Ainda não tinha um mês de vida, e já eu frequentava a praia de Gondarém. Uma grande parte das chamadas boas famílias da Foz da altura, frequentavam esta praia ou a dos Ingleses, eram quase como umas praias de elite, e também toda a minha família paterna o fazia, embora quase exclusivamente na de Gondarém.
Tínhamos uma barraca, das grandes, invariavelmente situada, ano após ano, no mesmo sítio da praia. Era a terceira, à direita de quem olha para o mar, a seguir à primeira abertura entre barracas, logo a seguir ao fim das escadas em redondo, e em frente à rampa. Se não me engano, tinha o número 29. Não tinha que enganar.
Os vizinhos de um lado e do outro eram sempre os mesmos. Ao fim de uns anos, eram como que da família.
Os donos, concessionários em parceria com o sr Francisco, e que detinham a parte melhor e maior da praia, eram parentes nossos, primos direitos de meu pai, e assim, era como se a praia também fosse minha.
Toda a família chegada do meu pai, vinha no mês de Agosto para aquela praia, para a nossa barraca. Tínhamos direito a ela durante os três meses de verão, de 15 de Junho a 15 de Setembro. Abancavam em nossa casa, vivíamos numa casa de esquina do início da Rua de Gondarém, durantes os primeiros anos da minha infância, e depois, mais tarde, vinham diariamente de Paços de Ferreira, de onde saíam antes das oito horas da manhã, no carro de meu avô, atulhado de crianças, umas por cima das outras em duas e três camadas. Chegaram a vir sete primos meus, mais a tia, sem nome, simplesmente tia, que conduzia, e a tia A.
A viagem diária que durava perto de uma hora para cada lado, deveria ter sido sempre uma verdadeira aventura.
Na “minha” praia, para além do primo A, dono da praia, e de sua mulher a prima Z, e dos filhos deles, havia, como não poderia deixar de ser, o que hoje se chama o nadador salvador. Na altura não se chamava assim, era simplesmente o banheiro, que saberia ou não nadar.
Na praia de Gondarém, o banheiro era o sr Joaquim Lavadeira, ou simplesmente o sr Joaquim.
Lavadeira não era o nome dele, não sei de onde lhe veio a alcunha, mas tinha um irmão, José, que a usava também.
Hoje, a praia de Gondarém já não é o que era, poucos se recordam ou falam dos tempos passados até aos anos setenta ou mesmo oitenta e os novos nem imaginam a qualidade que tinha.
Toda a minha vida conheci o sr Joaquim. Na altura, estava omnipresente na praia.
Durante anos, até há bem poucos, encontrava-o com frequência na Avenida Brasil atarefado numa qualquer incumbência, mas agora, pobre, velho e doente, já não sai de casa.
Homem rude, de maneiras duras, adorado por toda a gente, era ele que dava banho às crianças que ainda não sabiam nadar, e também era ele que as entrosava nas práticas e lides da natação. Sempre depois de serem respeitadas as três horas inteiras de digestão, não fosse o diabo tecê-las. Tinha um método peculiar de dar banho aos mais pequenos, e que mais tarde fiquei a saber que era usual na maior parte dos banheiros, que consistia em colocar a mão sobre a cara do puto, tapando-lhe a boca e o nariz, e mergulhá-lo de costas e rapidamente na água do mar, mesmo onde as ondas rebentavam. Os berros, gritos de gelar qualquer um, dos miúdos eram mais que muitos, e as mães, à beira da água, quase sem molhar os pés, exultavam com o banho dos seus meninos, abafando-os depois, na toalha seca, e levando-os de volta à barraca, findo o banho, no meio de carinhos, pequenas risadas e palavras meigas, para lhe dar o lanche, que já eram horas.
Para ensinar a nadar, o sr Joaquim, tinha outros métodos. Depois de ensinar, no seco da areia, os movimentos necessários à boa execução do acto de nadar, levava os ganapos, aos três, quatro e cinco de cada vez, no barco a remos pintado de azul claro e escuro, para uma zona do mar que distaria entre trinta e cinquenta metros da praia. Aí, amarrava uma corda à cintura do primeiro, e dizia-lhe para saltar para a água. Claro que poucos o faziam à primeira, pois o escuro da água e o medo de afogamento era superior à valentia de qualquer um, e assim, se não ia de livre vontade, ia de empurrão. O esbracejar assustado, o bater de pés aflito, era o que se via de imediato, logo seguido de um acalmar gradual, quando cada um verificava que o sr Joaquim segurava firmemente na corda, e não deixava ninguém ir ao fundo. E realmente tal nunca aconteceu!
Poucos queriam repetir a façanha no dia seguinte, mas a maior parte, ou mesmo a totalidade, voltava, pois que era assim que se aprendia ali, e as mãezinhas estavam à beira da água, a ver os seus pimpolhos, e de braços cruzados, molhando os pés, iam comentando as façanhas dos meninos às outras mães enquanto não largavam os olhos do barco, não fosse acontecer algo de menos bom.
Ao longo dos anos, centenas de cachopos e cachopas, passaram pelas mãos do sr Joaquim, na estreia de cada um nas lides do banho de mar e da natação.
A parte mais engraçada e pitoresca de tudo isto, mesmo até caricata, consistia no facto de o sr Joaquim, quase não saber nadar. Nada que afligisse fosse quem fosse!
O sr Joaquim tinha ainda outras atribuições e outras características.
Montava e desmontava os paus das barracas no princípio e fim da época, punha e tirava diariamente os panos das mesmas, e guardava e recolocava na manhã seguinte, os sacos de cada uma, onde se guardavam as toalhas, as travesseiras, as mesas, as cadeiras, os baldes e mais que fosse necessário ao lazer diário durante a estadia. Quase ninguém alugava uma barraca por menos de uma quinzena, e muitos alugavam por mais de um mês.
Para além disso, e porque era amigo de copos e tainadas e também porque ganhava algum dinheirito com isso, o sr Joaquim fazia de vez em quando uma sardinhada na areia, e mais raramente uma caldeirada.
Se da caldeirada eu não era fã, já da sardinhada, eu salivava assim que ouvia falar que uma iria ter lugar ao fim da tarde.
Era costume da maior parte das pessoas, excepto as que moravam ali mesmo ao lado, passar o dia na praia, desde as nove da manhã até às sete e meia da tarde, almoçando de faca e garfo, no recolhimento da barraca, e dormindo depois uma pequena sesta.
Aos domingos, dia em que os habituais frequentadores descansavam e não apareciam, deixando as barracas livres, vinham de Paços de Ferreira, de Freamunde, de Lousada e de outras partes, famílias inteiras passar o dia à praia. Como era costume, traziam a merenda, e não raramente havia uma família que convidava o sr Joaquim para almoçar. Nessas alturas, e porque o repasto era sempre abundante e excelentemente regado, tornava-se-lhe impossível trabalhar de tarde e no fim do dia, obrigando os donos da praia a serem eles a retirar e guardar os panos das barracas bem assim como os sacos.
Nos dias da sardinhada, sempre um dia de semana, a meio da tarde, pelas cinco e tal, depois da hora do banho, o sr Joaquim colocava umas pedras, já escuras de outras vezes, na areia e perto de umas rochas, quase em frente à nossa barraca, entre elas uns gravetos e bocados de madeira, e por cima, depois do fogo ateado, uma chapa, que já tinha servido montes de vezes. Na altura certa, uma a uma, centenas de sardinhas iam sendo colocadas para assar. E era ver a bicha de pessoas que se formava de imediato, cada um com um naco de broa na mão e um copo já com um qualquer líquido na outra, à espera de vez para receber a sardinha assada. E assim que se era servido, ia-se para o fim da fila, para regressar a tempo de receber outra, e assim até acabarem.
Não sei se eram as melhores sardinhas que até hoje comi, mas tenho a certeza que nunca mais na minha vida outras quaisquer me souberam tão bem.
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(In O Primeiro de Janeiro, 23-02-2009)
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JM
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ERA UMA VEZ...
Há trinta e tal anos, havia 4 funcionários numa empresa estatal, chamados Toda-a-Gente, Alguém, Qualquer-Um e Ninguém.
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Havia um trabalho importante para fazer e Toda-a-Gente tinha a certeza que Alguém o faria. Qualquer-Um podia fazê-lo, mas Ninguém o fez. Alguém se zangou porque era um trabalho para Toda-a-Gente. Toda-a-Gente pensou que Qualquer-Um podia tê-lo feito, mas Ninguém constatou que Toda-a-Gente não o faria. No fim, Toda-a-Gente culpou Alguém, quando Ninguém fez o que Qualquer-Um poderia ter feito.
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Foi assim que apareceu o Deixa-Andar, um 5º funcionário para evitar todos estes problemas.
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E desta maneira, nasceu o Portugal democrático dos dias de hoje.
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1-
O governo Português aumenta o tempo da licença parental até seis meses ou mesmo até um ano, bem assim como o seu valor.
Em França, Sarkosy propõe a diminuição do tempo de licença de parto das Francesas.
Quem tem razão, e vê mais longe e melhor?
2-
Já não estamos em recessão técnica. A partir de agora a recessão é OFICIAL.
2% negativos no último trimestre, igual ao segundo pior resultado da zona Euro.
Desde há 18 anos que não tínhamos um resultado tão mau.
Ainda há pouco tempo, o sr Sócrates, acompanhado pelo melhor ministro das Finanças que alguma vez Portugal teve, dizia que a crise nos iria passar ao lado, criando em nós muitas ilusões.
As previsões da última revisão do Orçamento de Estado para este ano, já estão muito desactualizadas. Lá terá de ser feita uma revisão da revisão.
O nosso Primeiro, anda em campanha permanente, preocupado com o casamento dos homossexuais, medidas de Prec de segunda geração, eutanásia, e outras. Está com o norte perdido, e precisa de sair, se não pelo seu pé, a pontapé!
3-
O antigo dirigente do PSD, Ângelo Correia, disse que se dependesse dele, a presidente srª D. Manuela, saía já no dia seguinte da direcção do partido.
Com amigos destes, quem precisa de inimigos?
4-
O Presidente está preocupado.
O Presidente tem razão. Ao falar aos nossos jovens que ainda não arranjaram um emprego, é necessário dar-lhes algum alento, muito até, que a vida não está fácil.
Eu sei que o nosso Presidente não terá esquecido os outros, os que sendo jovens, ou menos jovens, ou de meia idade ou mesmo quase velhos, também estão agora desempregados. Uns de curta duração, mas outros, muitos, de longa e muito longa duração.
Também sei que o nosso Presidente, está muito preocupado com a capacidade que o governo que nos governa tem para enfrentar a crise. É que, sabe-o ele muito melhor que nós, a crise, é muito mais profunda do que tem vindo a público.
Deus nos valha, já que mais ninguém parece saber o que fazer para nos salvar.
5-
José Sócrates foi reeleito pela terceira vez secretário-geral do PS com 96,43% dos votos dos que votaram.
Grande líder, grande irmão!
Quem diria que tal fosse possível, quase unanimidade! Bem, os indefectíveis, Alegre e companhia, não foram na cantiga, nem os outros dois terços que não apareceram, mas isso não importa para estas contas.
Uma cópia quase perfeita do que se passou na eleição de Paulo Portas, na eleição de Jerónimo de Sousa e em menor escala na eleição de Francisco Louçã.
Com a excepção do PSD, que anda aos baldões por aí, o País só tem partidos com líderes fortes e sem alternativa.
Assim é que deve ser, quem manda, manda!
Neste nosso país de faz-de-conta, lá vamos gramar com o senhor mais uns tempos, e tê-lo como candidato de novo, a Primeiro Ministro.
Infelizmente, a nível nacional, e nos partidos que com ele concorrem directamente, não parece haver ninguém melhor colocado para vencer as próximas eleições legislativas.
Mas, a esperança ainda não faleceu!
Longa vida ao camarada Pinto de Sousa, que Deus o guie e a nós, não nos desampare.
6-
Se a regionalização já estivesse feita, ainda seria assim?
Há
Ninguém cuida delas (das estradas), pois que desde 2007, esta situação se mantém assim.
Mais um buraco em que este governo nos meteu.
7-
Dias loureiro, mentiu?
Se mentiu na AR, é crime. Se mentiu deveria já ter-se demitido de Conselheiro de Estado.
Mentira, verdade, ou tão só lapso de memória?
De uma forma ou de outra, os partidos pensam em chamar de novo o homem a nova comissão de inquérito, embora achem que precisam de recolher mais informações.
Enquanto isso, o PR, nada mais diz do que já disse sobre o assunto.
É no entanto estranho que Dias Loureiro se tenha tornado numa pessoa tão esquecida e tão distraída.
Se fosse, como se diz que é, um homem de honra, sério, honesto e sem nada que se lhe possa apontar, por uma questão de decência, pelo menos, já se deveria ter demitido de Conselheiro de Estado, deixando assim de colocar o PR numa situação embaraçosa.
Cavaco Silva, se quiser ser reeleito por mais cinco anos, quando chegar a altura devida, tem de se demarcar de Loureiro. Assim não pode continuar.
Toda a gente sabe que o Presidente tem um nome intocável, e o que ele diz é lei. Mas, o diabo tece-as, e se ele não se acautela, e não arranja maneira de fazer sair de Conselheiro de Estado este antigo administrador do BPN, ainda acaba por se aleijar.
Sobre os 38milhões de euros, perdidos em Porto Rico no espaço de sete meses, e com documentos assinados por Loureiro a caucionar o negócio, ouve-se falar de esquecimentos, enganos, e agora da possibilidade de perjúrio.
Nada disto é admissível, e o Presidente tem de actuar. Para bem de todos!
8-
Proteccionismo
Dizem que é proteccionismo, que é intolerável, que numa Europa a 15, 27 ou 35, ou o número que chegar a ser, isso não se pode fazer e que terá de haver sanções graves se tal se chegar a verificar. Estas medidas, já motivaram até, reuniões de emergência a nível Europeu, para debater o assunto. Mas, o plano já está em execução. Não há nada a fazer.
Indiferente ao que dizem, o homem, Sarkosy, Presidente Francês, que é de direita, apoiado por um partido de direita, com pensamento de direita, tem atitudes que a mim mais me parecem de esquerda.
Nem a esquerda francesa se atreveria a chegar tão longe, em muitas das suas actuais medidas.
O que lhe importa é ver o seu país, a andar para a frente no meio desta crise mundial. O resto não lhe interessa muito.
Tem coragem este senhor!
Entre as várias medidas que recentemente tomou, a de apoio ao sector automóvel, com as contrapartidas que exigiu, é a meu ver, de louvar, e até de copiar em vários sectores da nossa actividade
Quem me dera que em Portugal, tivéssemos homens de visão, como este, a comandar-nos!
9-
Quem fala em campanhas sem côr?
Agência de dectetives que procurou Maddie, contrata advogado para queimar Gonçalo Amaral.
Esta é que poderá mesmo vir a ser considerada a Campanha Negra.
Uma verdadeira bomba neste domingo soalheiro.
Durante todo este tempo, houve alguém que nos andou a mentir. A mentir descaradamente. A nós todos. A todo o mundo.
A quem aproveitou a destruição de Gonçalo Amaral?
Maddie, Joana, que relação?
10-
Lá, como cá!
Venezuela / Portugal.
Lá, como cá, o homem venceu. Se convenceu ou não toda a população, logo se saberá. Se as eleições foram sérias, talvez nunca se saiba. Mas que de agora em diante ele pode concorrer sem limite de vezes à presidência, é já um facto.
Por cá, o homem também venceu, com percentagens diferentes, mas com abstencionismo também muito diferente. Se convenceu ou não os que não foram votar, logo se saberá. Que as eleições foram sérias, não tem dúvidas que se saibam. Mas que de agora em diante ele tem nova obrigação para com os seus pares, é já um facto.
Lá como cá, parece que vamos ter de aguentar com estes senhores durante muito tempo.
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JM
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ENTREVISTA:
Jornalista - Acha que o seu sobrinho ainda pode ser constituído arguido?
Júlio Monteiro (o tio de Sócrates) - Poder, pode. Resta ver é se conseguem...
ISTO É CÁ DE UM GOZO, QUE NEM SEI!
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JM
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COMO SE FORA UM CONTO
A TIA!
Ter tios e tias, qualquer um tem, ter tios e tias como se fossem pais, é a sorte suprema, de que poucos se podem gabar hoje em dia!
A tia, simplesmente tia, é uma das irmãs do meu pai. A Matriarca da família.
Havia outras, e outras ainda que não sendo irmãs eram igualmente tias. Para mim, havia a tia A, a outra tia A, a tia E, a tia H, a tia L e ainda outra que nunca conheci. Todas elas com nome, excepto esta tia. A Tia!
De todas, é a única que felizmente ainda anda por cá. Por isso, agora, é na verdade a tia. A minha tia. Minha e também de todos os outros sobrinhos que tem, e para quem é também e simplesmente, a Tia!
Pois a minha tia, a única que ainda tenho, sempre foi uma segunda mãe para todos os sobrinhos. Mesmo, e em especial, para uns quantos idiotas, que agora a ignoram e lhe viram a cara se por ela passarem na rua. O quanto a senhora deverá sofrer, quanta tristeza sentirá, de cada vez que se confrontar com essa situação, ou mesmo de cada vez que pensar nela.
A minha tia casou tarde. Por essa razão a possibilidade de ter filhos próprios foi nula, e os sobrinhos que já assim eram, passaram a ser, ainda mais filhos.
A casa em que sempre habitou até alguns anos atrás, era a casa de todos, sem distinções e sem perguntas. Sobrinhos, sobrinhas, mulheres e maridos destes e destas, filhos dos sobrinhos e o mais que pudesse ser, entravam pela casa dentro como se fora a própria, sem pedir licença, bastando só beijar aquando da chegada e dizer, cheguei, cá estou! Havia sempre comida, bebida, um ou outro mimo, dependendo qual fosse o sobrinho a que fosse dirigido (o meu mimo era o estrelar quase imediato, pela senhora Margarida, de dois ovos), e boa disposição.
Para se imaginar o quanto a minha tia tinha de apreço pelos sobrinhos, um dia comprou um apartamento numa cidade soalheira e de temperatura amena todo o ano, para fugir das agruras do frio invernal do planalto onde vivia. Sendo na altura já casada, em conjunto com o meu tio, decidiram que durante os meses de estio, a casa serviria para que os sobrinhos pudessem beneficiar dela. Quase quatro meses destinados à sobrinhada.
Como disse, casou tarde. Decisão repentina e que apanhou toda a família desprevenida. Em muito poucas semanas passou a ser uma jovem casada e feliz. O marido, olhado de soslaio durante algum tempo por todos, mostrou-se em pouco tempo, um homem digno da minha tia, correcto, honesto e boa pessoa, apesar do seu feitio duro e difícil. Mas, quem não tem coisas no seu?
A partir dessa altura, a tia, que sempre foi singular para todos nós, passou a plural. Passaram a ser designados por “os tios”. Sem nomes! Também ele, o agora tio, era como ela, sem nome. Simplesmente Tio! Para mim, havia o tio A, o tio M, o outro tio M, o tio S, o tio R, e ainda outro que nunca conheci, todos com nomes, e agora tinha passado também a haver “o tio”.
Os tios, não passaram a ter atitude diferente da que tinha a tia. Nada mudou!
Os anos foram passando e os tios lá vão estando na sombra, olhando por nós na medida do que lhes é possível. Sem interferir em nada. Estando lá, simplesmente.
Podemos estar meses sem aparecer, como é o meu caso, sem falar nem nada, podemos virar-lhes as costas como é o caso de alguns idiotas, podemos estar lá sempre metidos ou convidá-los para nossa casa com assiduidade.
Eles estão lá! Como se tivéssemos falado com eles no dia anterior.
Como sobrinho não serei bom. Serei até mau aos olhos de muita gente. Mas os meus tios têm sobrinhos bons, que eu sei. De qualquer modo, sou assim, sinto em silêncio, escondido. Só vou, se chamado - não procurando reconhecimento ou palavras bonitas - ou se souber que precisam de mim. Mas para os tios, isso não tem importância, porque não deixei de ser sobrinho, quase filho, do mesmo modo que todos os outros sobrinhos são quase filhos, mesmo os idiotas.
São assim os meus tios. São assim os tios como deve ser. À moda antiga, à moda das famílias tradicionais. Tios a sério, à moda das boas pessoas.
Todos nós temos ou tivemos em algum momento, tios e tias. Os sortudos como eu, têm ou tiveram tios assim. Tios que se importam, tios/pais. Mas eu sei que há poucos. Eu sei que a maioria não é assim. Eu sei que poucos tiveram esta dose de felicidade.
Um dia, se esta tia se vai, deixo de ter tias. Passo a ter só tios. Um com nome e outro sem ele. De qualquer forma não haverá mais quem, de longe, olhe por nós. A não ser esta, lá de cima.
Bem que eu gostaria de poder pensar que, num futuro qualquer, os meus sobrinhos pudessem pensar em mim, da mesma forma que eu penso na minha tia.
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(in O Primeiro de Janeiro, 18-02-2009)
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JM
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